Neste 15 de outubro parabenizamos todas(os) as(os) professoras(es) pela data que celebra o seu ofício de compartilhar, educar e intercambiar conhecimento, ajudando a formar gerações de indivíduos que passam a ler o mundo através de diversas e variadas lentes. Em um momento da nossa civilização em que temos acompanhado o avanço das forças conservadoras – as quais temem fortemente a democratização do acesso ao conhecimento pelas classes desvalidas -, queremos enfatizar o papel fundamental exercido pelos professores, que tem resistido a toda sorte de mazelas políticas e sociais que atingem o nosso povo.
Queremos também dizer que nessa data tão especial, nos colocamos lado a lado na luta por uma Educação pública, gratuita e que valorize integralmente os direitos dos professores, sendo esta a única forma de alçarmos o nosso país ao verdadeiro desenvolvimento econômico, político e social no seu sentido humanizador.
Onde anda nosso valor
Gorete Amorim
(Arapiraca – Alagoas, 2020)
Aprender e ensinar
Ao longo de toda vida
É coisa de ser humano
Disso ninguém duvida
O conhecimento juntado
Devia ser partilhado
Não tinha outra saída.
Na sociedade primitiva
Não havia professor
Os idosos e experientes
Sabiam do grande valor
De socializar conhecimento
Importante instrumento
Em tempo ameaçador.
Todos aprendiam tudo
Considerado importante
Em função do coletivo
Necessidade constante
De conhecimento obter
Para dele se valer
Em época não abundante.
A educação espontânea
Foi perdendo predominância
Quando a sociedade de classes
Surge e põe importância
Na educação estrita
Cria-se a escola restrita
Necessária à circunstância.
Independente do nome
Que representa professor
Desde a antiguidade
É função de grande valor
O que ocorreu na história
Que o fez perder a glória
Se tornou ameaçador?
Na sociedade escravista
O conhecimento escolar
Não era coisa pra escravo
Só quem podia estudar
Era a classe dominante
Precisava de ensinante
Para seus filhos educar.
Em tempos de feudalismo
A coisa não muda de regra
Somente filhos de nobres
Na escola se integra
A função do professor
Mesmo que tenha valor
Aos pobres pouco agrega.
Para escravo e servo
Nada de educação escolar
O conhecimento é arma
Que não devem acessar
Nessa escola o professor
Era dito de valor
Ninguém pode duvidar.
É a sociedade capitalista
Que passa a necessitar
Que trabalhadores acessem
Conhecimento escolar
Mas deve ser controlado
E o professor preparado
Para brincar de ensinar.
Como fazer o controle
Do que se vai ensinar?
Certamente é a pergunta
Que a resposta pode estar
Na redução do valor
Que era dado ao professor
Para os nobres educar.
Escola rica pra rico
Vive ainda a vigorar
Escola pobre pra pobre
É fácil de encontrar
E o professor nessa luta
Faz doutorado e labuta
Não deve se entregar.
Se a função de ensinar
Não tem o devido valor
É porque conhecimento
É mesmo ameaçador
A classe que tem poder
Não quer de fato perder
O domínio explorador.
Não se dobre professor
À ideologia dominante
Estude e apreenda
Profundamente e constante
O conhecimento produzido
Não deve ser escondido
Seja dele ensinante.
O desvalor social
Tem causa explicativa
É mais fácil controlar
Uma mente não reativa
Privada de conhecimentos
Não compreende o tormento
Da vida depreciativa.
Sem nenhum idealismo
E também sem ilusão
Ser professor mais que tudo
É causar revolução
Na mente de quem aprende
O conhecimento ardente
A luz de sua razão.